Maria de Lurdes Ruivo da Silva Pintassilgo (Abrantes, 18 de Janeiro de 1930 - 10 de Julho de 2004)
Licenciou-se em Engenharia Químico-Industrial, iniciou a carreira pública como Procuradora na Câmara Cooperativa (1965-1974). Depois do 25 de Abril foi Ministra dos Assuntos Sociais do II e III Governos Provisórios e 1ª Ministra do V Governo Constitucional (Agosto a Dezembro de 1979), tendo sido a 1.ª mulher Primeira-ministra na Europa. Foi embaixadora da UNESCO (Julho de 1975 a Junho de 1981). Fundou o Movimento para o Aprofundamento da Democracia em 1986. Foi candidata às Presidenciais de 1986. Foi eleita Deputada pelo PS ao Parlamento Europeu em 1987.
Licenciou-se em Engenharia Químico-Industrial, iniciou a carreira pública como Procuradora na Câmara Cooperativa (1965-1974). Depois do 25 de Abril foi Ministra dos Assuntos Sociais do II e III Governos Provisórios e 1ª Ministra do V Governo Constitucional (Agosto a Dezembro de 1979), tendo sido a 1.ª mulher Primeira-ministra na Europa. Foi embaixadora da UNESCO (Julho de 1975 a Junho de 1981). Fundou o Movimento para o Aprofundamento da Democracia em 1986. Foi candidata às Presidenciais de 1986. Foi eleita Deputada pelo PS ao Parlamento Europeu em 1987.
Maria de Lurdes Pintassilgo (n.1930 m.2004)
Política portuguesa, licenciada em Engenharia Químico-Industrial. Foi Procuradora na Câmara Cooperativa (1965-1974). Depois do 25 de Abril ocupou vários cargos governamentais, sendo ministra dos Assuntos Sociais do II e III Governos Provisórios e 1ª Ministra do V Governo Constitucional. Foi depois embaixadora da UNESCO e consultora do Presidente Eanes, fundando o Movimento para o Aprofundamento da Democracia em 1986. Foi candidata às Presidenciais de 1986. Integrou variadíssimas organizações internacionais. Foi eleita Deputada pelo PS ao Parlamento Europeu em 1987. Tem publicadas algumas obras referentes ao papel da Igreja na sociedade e à ascensão das mulheres na vida política e pública.
Política portuguesa, licenciada em Engenharia Químico-Industrial. Foi Procuradora na Câmara Cooperativa (1965-1974). Depois do 25 de Abril ocupou vários cargos governamentais, sendo ministra dos Assuntos Sociais do II e III Governos Provisórios e 1ª Ministra do V Governo Constitucional. Foi depois embaixadora da UNESCO e consultora do Presidente Eanes, fundando o Movimento para o Aprofundamento da Democracia em 1986. Foi candidata às Presidenciais de 1986. Integrou variadíssimas organizações internacionais. Foi eleita Deputada pelo PS ao Parlamento Europeu em 1987. Tem publicadas algumas obras referentes ao papel da Igreja na sociedade e à ascensão das mulheres na vida política e pública.
Ainda e sempre activa nas questões sociais e políticas do país, são exemplo recente as suas posição face à guerra no Iraque e o seu envolvimento no movimento religiosos progressista Graal.
É quase impossível descrever as qualidades de Maria de Lurdes Pintassilgo. Ela manteve, até ao fim da sua vida, uma intervenção cívica sempre guiada por um princípio básico: uma luta intransigente e incessante pelos desfavorecidos.Licenciada em Engenharia Químico-Industrial, Maria de Lurdes Pintassilgo, iniciou a carreira pública como Procuradora na Câmara Cooperativa (1965-1974). Depois do 25 de Abril ocupou vários cargos governamentais, sendo ministro dos Assuntos Sociais do II e III Governos Provisórios e 1ª Ministra do V Governo Constitucional (Agosto a Dezembro de 1979), sendo a primeira e única mulher a exercer este cargo. Foi embaixadora da UNESCO (Julho de 1975 a Junho de 1981) e consultora do Presidente Ramalho Eanes, fundando o Movimento para o Aprofundamento da Democracia em 1986. Foi candidata às Presidênciais de 1986, tornando-se na primeira mulher em Portugal a protagonizar uma candidatura a Belém.Integrou várias organizações internacionais e foi eleita deputada pelo Partido Socialista ao Parlamento Europeu em 1987.Tem publicadas algumas obras referentes ao papel da Igreja na sociedade e à ascensão das mulheres na vida política e pública. Maria de Lurdes Pintassilgo foi uma mulher que se manteve sempre activa na vida política nacional. As suas últimas declarações públicas conhecidas foram proferidas uma semana antes de falecer, no final de audiência com Jorge Sampaio. Na altura disse que ”estamos perante a maior crise desde o dia 25 de Abril. São 30 anos e esses 30 anos colocam-nos neste momento perante uma crise em que somos todos poucos, para dar um pouquinho daquilo que podemos imaginar que será necessário”. No mesmo dia, revelou que gostava que o entusiasmo que reina no nosso futebol (Campeonato Europeu de 2004) fosse um entusiasmo que nos desse outro impulso para começar nova vida.
A segunda morte da Revolução dos Cravos
A revolução iniciada a 25 de Abril de 1974 acabou em 25 de Novembro de 1975. Mas essa foi só a sua primeira morte, aquela em que a democracia participativa desapareceu em favor da democracia formal. A segunda morte veio a 9 de Julho de 2004, em que o próprio voto, único sobrevivente - embora em adiantado grau de apodrecimento - do "governo do povo", morreu.
O dia 9 de Julho de 2004 deverá ficar na História da gente de bem em Portugal como o dia da segunda morte da Revolução dos Cravos.Poucos dias antes, em vésperas da final do campeonato europeu de futebol em que participava uma selecção a representar Portugal, morria Sophia de Mello Breyner Andresen, a mais importante poetisa do século XX português, a autora do mais importante poema sobre aquela Revolução. Embora muito próxima das posições políticas pretéritas do actual Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, e credora da admiração mais forte que, desde há muitos anos, portugueses deram a um escritor vivo, Sophia não mereceu a declaração de luto nacional do mesmo Presidente. O seu funeral decorreu, discreto, com uma pequena multidão de admiradores. Não sei se houve algum representante do mais alto magistrado da nação, nem se alguém do Palácio de Belém se lembrou de que Sophia, entre outras coisas, era uma representação de Portugal. Mas sobre o seu túmulo nascerão cravos.Adiante.Depois de 15 dias a fazer esperar os cidadãos, depois de Durão Barroso ter pedido unilateralmente a demissão de primeiro-ministro para se candidatar a Presidente da Comissão Europeia, Jorge Sampaio diz, num discurso em que o verbo "garantir" ocorre duas vezes, o substantivo "garante" uma e o substantivo "povo" nenhuma, que irá oferecer o cargo de primeiro-ministro a outro senhor, sem dissolver a Assembleia da República, nem convocar eleições. Logo após a declaração de Sampaio, morria, de ataque cardíaco, Maria de Lurdes Pintassilgo, ex-primeiro-ministo, ex-candidata a Presidente da República, a única pessoa de quem ouvi, ao vivo, a descrição perfeita e apaixonada do que verdadeiramente foi aquela Revolução. Até ao último momento, Maria de Lurdes aconselhava ao Presidente e a nós todos que outra solução para a deserção do primeiro-ministro existia, em que a capacidade de imaginar as formas de participação dos cidadãos era mais importante do que os «lobbies» de empresários, «jet set», faladores populistas e vigaristas em que o poder político português se afoga cada vez mais. Muitos ouvimo-la dizê-lo, com a ternura que era inconfundivelmente sua, na rádio e na TV. O seu coração falhou depois, depois, certamente, de ouvir Sampaio ignorar bem alto a maioria do seu mesmo Conselho de Estado convocado de propósito, a vontade da maioria dos portugueses, e retirar ao povo a capacidade de decidir sobre o seu futuro. Mas sobre o túmulo de Maria de Lurdes nascerão cravos. A revolução iniciada a 25 de Abril de 1974 acabou em 25 de Novembro de 1975. Mas essa foi só a sua primeira morte, aquela em que a democracia participativa desapareceu em favor da democracia formal. A segunda morte veio a 9 de Julho de 2004, em que o próprio voto, único sobrevivente - embora em adiantado grau de apodrecimento - do "governo do povo", morreu. Agora só restam os homens de palácio que trocam cargos entre si, a chamada "classe política", pois a política, isto é, a vida em sociedade, já não pode ser deixada aos mortais.A ironia de tudo isto é que foi um homem com fama de resistente à ditadura o autor e único responsável por esta afirmação de medo, medo de mexer com os interesses instalados pelos poderosos, medo de levar de volta, ainda que tão-só ao de leve, o poder ao povo que o elegeu, medo de agitar as águas, ainda que saiba que o primeiro-ministro a indigitar é um demagogo profissional, detestado dentro do seu próprio partido, medo de tudo em nome da "estabilidade", medo de tudo o que possa significar vida e liberdade.Paz à sua alma, pois quando for a vez do Presidente morrer, será como quis o poeta Carlos Drummond de Andrade: sobre o seu túmulo «nascerão flores amarelas e medrosas".
A revolução iniciada a 25 de Abril de 1974 acabou em 25 de Novembro de 1975. Mas essa foi só a sua primeira morte, aquela em que a democracia participativa desapareceu em favor da democracia formal. A segunda morte veio a 9 de Julho de 2004, em que o próprio voto, único sobrevivente - embora em adiantado grau de apodrecimento - do "governo do povo", morreu.
O dia 9 de Julho de 2004 deverá ficar na História da gente de bem em Portugal como o dia da segunda morte da Revolução dos Cravos.Poucos dias antes, em vésperas da final do campeonato europeu de futebol em que participava uma selecção a representar Portugal, morria Sophia de Mello Breyner Andresen, a mais importante poetisa do século XX português, a autora do mais importante poema sobre aquela Revolução. Embora muito próxima das posições políticas pretéritas do actual Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, e credora da admiração mais forte que, desde há muitos anos, portugueses deram a um escritor vivo, Sophia não mereceu a declaração de luto nacional do mesmo Presidente. O seu funeral decorreu, discreto, com uma pequena multidão de admiradores. Não sei se houve algum representante do mais alto magistrado da nação, nem se alguém do Palácio de Belém se lembrou de que Sophia, entre outras coisas, era uma representação de Portugal. Mas sobre o seu túmulo nascerão cravos.Adiante.Depois de 15 dias a fazer esperar os cidadãos, depois de Durão Barroso ter pedido unilateralmente a demissão de primeiro-ministro para se candidatar a Presidente da Comissão Europeia, Jorge Sampaio diz, num discurso em que o verbo "garantir" ocorre duas vezes, o substantivo "garante" uma e o substantivo "povo" nenhuma, que irá oferecer o cargo de primeiro-ministro a outro senhor, sem dissolver a Assembleia da República, nem convocar eleições. Logo após a declaração de Sampaio, morria, de ataque cardíaco, Maria de Lurdes Pintassilgo, ex-primeiro-ministo, ex-candidata a Presidente da República, a única pessoa de quem ouvi, ao vivo, a descrição perfeita e apaixonada do que verdadeiramente foi aquela Revolução. Até ao último momento, Maria de Lurdes aconselhava ao Presidente e a nós todos que outra solução para a deserção do primeiro-ministro existia, em que a capacidade de imaginar as formas de participação dos cidadãos era mais importante do que os «lobbies» de empresários, «jet set», faladores populistas e vigaristas em que o poder político português se afoga cada vez mais. Muitos ouvimo-la dizê-lo, com a ternura que era inconfundivelmente sua, na rádio e na TV. O seu coração falhou depois, depois, certamente, de ouvir Sampaio ignorar bem alto a maioria do seu mesmo Conselho de Estado convocado de propósito, a vontade da maioria dos portugueses, e retirar ao povo a capacidade de decidir sobre o seu futuro. Mas sobre o túmulo de Maria de Lurdes nascerão cravos. A revolução iniciada a 25 de Abril de 1974 acabou em 25 de Novembro de 1975. Mas essa foi só a sua primeira morte, aquela em que a democracia participativa desapareceu em favor da democracia formal. A segunda morte veio a 9 de Julho de 2004, em que o próprio voto, único sobrevivente - embora em adiantado grau de apodrecimento - do "governo do povo", morreu. Agora só restam os homens de palácio que trocam cargos entre si, a chamada "classe política", pois a política, isto é, a vida em sociedade, já não pode ser deixada aos mortais.A ironia de tudo isto é que foi um homem com fama de resistente à ditadura o autor e único responsável por esta afirmação de medo, medo de mexer com os interesses instalados pelos poderosos, medo de levar de volta, ainda que tão-só ao de leve, o poder ao povo que o elegeu, medo de agitar as águas, ainda que saiba que o primeiro-ministro a indigitar é um demagogo profissional, detestado dentro do seu próprio partido, medo de tudo em nome da "estabilidade", medo de tudo o que possa significar vida e liberdade.Paz à sua alma, pois quando for a vez do Presidente morrer, será como quis o poeta Carlos Drummond de Andrade: sobre o seu túmulo «nascerão flores amarelas e medrosas".
1 comentário:
Os grandes em quem a morte não teve poder...
Uma mulher de "armas" no meio de um quotidiano masculino à época.
Abraço
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