sexta-feira, 27 de abril de 2007

Papel da Mulher no Egipto antigo


As mulheres no Egipto antigo eram cidadãs respeitadas com deveres e direitos e, essencialmente, valorizadas pela sua função geradora de vida, segundo um livro hoje lançado em Lisboa e que resulta de uma dissertação de mestrado



Só mais tarde, no Império Novo, é que as mulheres egípcias conquistam mais abertamente o lugar de amante.
A obra de Clara Pinto, intitulada A mulher e o amor no antigo Egipto e hoje lançada no Museu Nacional de Arqueologia, resulta da dissertação de mestrado em História das Civilizações Pré-Clássicas (Egiptologia) defendida na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa em 2003.
A autora traça o modelo de vida familiar patente entre os antigos egípcios evidenciando a preocupação prioritária deste povo em relação ao espaço familiar numa persistente noção da necessidade de ter filhos, assim como as duas facetas da mulher no que respeita à maternidade e sexualidade.
Segundo Clara Pinto, as relações que se estabeleciam entre o homem e a mulher do Egipto antigo baseavam-se no pressuposto da vida e da continuação dela, resultando daí o destacado papel da mulher e a importância que lhe estava consagrada na função maternal.
«Antes de mais, o papel primeiro da mulher era de geradora de vida e só mais tarde, no Império Novo, é que a vemos conquistar mais abertamente o lugar de amante, embora, quanto a nós, nunca dissociada da sua missão procriadora», lê-se.
De acordo com o trabalho de Clara Pinto, desde bastante cedo homens e mulheres percebem e interiorizam a importância da descendência familiar na sua existência, ao ponto de acreditarem que se tratava de um contributo essencial para a sua não morte.
«Por isso, observamos uma certa insistência por parte dos sábios de diferentes épocas da história do Egipto antigo, em aconselharem os rapazes a casar, a fundarem um lar, enquanto ainda eram suficientemente jovens para garantirem uma descendência numerosa, sem correrem riscos de morrerem sós e não terem ninguém que cuidasse do seu funeral com a devida dignidade», refere a autora no livro.
Os testemunhos recolhidos revelam ainda, segundo a autora, que sobretudo nos estratos mais altos da sociedade a mulher é protegida pela lei, quer estivesse solteira, casada, divorciada ou viúva, sendo reconhecida na sociedade egípcia como uma cidadã respeitada com lugar próprio e abrangida por direitos e deveres.
Essa importância, acrescenta, está também vincada no momento da sua vida amorosa, não lhe sendo proibidos os prazeres sexuais.
«Antes pelo contrário, a partir do Império Novo vemos que ela completa o indivíduo, sendo a causa principal da sua felicidade: o prazer aliado à procriação».
Segundo a autora, os egípcios tinham uma forma prática de encarar os assuntos relacionados com o sexo e que, «tinha, fundamentalmente, a ver com a utilidade do mesmo» ou seja a reprodução.
Clara Pinto é mestre em civilizações pré-clássicas, área de egiptologia, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde leccionou a disciplina «O corpo e a sexualidade na Antiguidade» além de ter integrado o 1º projecto arqueológico realizado por uma equipa portuguesa no Egipto.
A obra é publicada pela editora Campo da Comunicação.
Lusa/SOL

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Maria Montessori









Maria Montessori (Chiaravalle, 31 de agosto de 1870 - Noordwijk aan Zee, Países Baixos, 6 de maio de 1952) educadora italiana, médica e feminista.

Formou-se em medicina, iniciando um trabalho com crianças anormais na clínica da universidade, vindo posteriormente dedicar-se a experimentar em crianças sem problemas, os procedimentos usados na educação dos não normais. Observou também, crianças que ficavam brincando nas ruas e criou um espaço educacional a estas crianças.










Responsável também pela criação do método montessori de aprendizagem, composto especialmente por um material de apoio em que a própria criança (ou usuário) observa se está fazendo as conexões corretas. É também a primeira mulher a se formar em medicina na Itália.

O Método montessori ou pedagogia Montessoriana relaciona-se à normatização (consiste em harmonizar a interação de forças corporais e espirituais, corpo, inteligência e vontade).
As escolas do Sistema Montessoriano são difundidas pelo mundo todo. O método Montessoriano tem por objetivo a educação da vontade e da atenção, com o qual a criança tem liberdade de escolher o material a ser utilizado, além de proporcionar a cooperação.
Os princípios fundamentais do sistema Montessori são: a atividade, a individualidade e a liberdade. Enfatizando os aspectos biológicos, pois, considerando que a vida é desenvolvimento, achava que era função da educação favorecer esse desenvolvimento. Os estímulos externos formariam o espírito da criança, precisando portanto, serem determinados.
Assim, na sala de aula, a criança era livre para agir sobre os objetos sujeitos à sua ação, mas estes já estavam preestabelecidos, como os conjuntos de jogos e outros materiais que desenvolveu.
A pedagogia de Montessori insere-se no movimento das Escolas Novas, uma oposição aos métodos tradicionais que não respeitavam as necessidades e os mecanismos evolutivos do desenvolvimento da criança. Ocupa um papel de destaque neste movimento pelas novas técnicas que apresentou para os jardins de infância e para as primeiras séries do ensino formal.
O material criado por Montessori tem papel preponderante no seu trabalho educativo pois pressupõem a compreensão das coisas a partir delas mesmas, tendo como função a estimular e desenvolver na criança, um impulso interior que se manifesta no trabalho espontâneo do intelecto.
Doze pontos do Método Montessori

Baseia-se em anos de observação da natureza da criança por parte do maior gênio da educação desde Friedrich Froebel.
Demonstrou ter uma aplicabilidade universal.
Revelou que a criança pequena pode ser um amante do trabalho, do trabalho intelectual, escolhido de forma espontânea, e assim, realizado com muita alegria.
Baseia-se em uma necessidade vital para a criança que é a de aprender fazendo. Em cada etapa do crescimento mental da criança são proporcionadas atividades correspondentes com as quais se desenvolvem suas faculdades.
Ainda que ofereça à criança uma grande espontaneidade consegue capacitá-la para alcançar os mesmos níveis, ou até mesmo níveis superiores de sucesso escolar, que os alcançados sobre os sistemas antigos.
Consegue uma excelente disciplina apesar de prescindir de coerções tais como recompensas e castigos. Explica-se tal fato por tratar-se de uma disciplina que tem origem dentro da própria criança e não imposta de fora.
Baseia-se em um grande respeito pela personalidade da criança, concedendo-lhe espaço para crescer em uma independência biológica, permitindo-se à criança uma grande margem de liberdade que se constitui no fundamento de uma disciplina real.
Permite ao professor tratar cada criança individualmente em cada matéria, e assim, fazê-lo de acordo com suas necessidades individuais.
Cada criança trabalha em seu próprio ritmo.

Não necessita desenvolver o espírito de competência e a cada momento procura oferecer às crianças muitas oportunidades para ajuda mútua o que é feito com grande prazer e alegria.
Já que a criança trabalha partindo de sua livre escolha, sem coerções e sem necessidade de competir, não sente as tensões, os sentimentos de inferioridade e outras experiências capazes de deixar marcas no decorrer de sua vida.
O método Montessori se propõe a desenvolver a totalidade da personalidade da criança e não somente suas capacidades intelectuais. Preocupa-se também com as capacidades de iniciativa, de deliberação e de escolhas independentes e os componentes emocionais.
"MARIA MONTESSORI nasceu em 31 de Março de 1870, em Chiaravalle, de uma família conhecida pelo seu fervor religioso; feitos os estudos elementares, entrou na Universidade, matriculando-se na Faculdade de Medicina; a resolução causou estranheza porque até aí nenhuma mulher ousara cursar a Faculdade: considerava-se, em toda a Itália, que não eram trabalhos a que se pudessem dedicar as mulheres, sobretudo as que tinham amor de Deus e das coisas sagradas; Maria Montessori arrostou com todas as oposições, venceu uma a uma as resistências, impôs-se pelo seu gosto do estudo; respeitavam-na os mestres e os condiscípulos, todos que a conheciam foram louvando a sua inteligência e a sua coragem; havia nela um desejo de ver claramente os problemas, uma ânsia de servir a humanidade, um poder de iniciativa que lhe preparavam uma carreira brilhante. Em 1896, alcançou o diploma de doutoramento e começou a ver-se como uma curiosidade a primeira médica italiana; ela, no entanto, só pensava em preparar-se melhor, em entrar na sua vida profissional armada, como um bom cavaleiro, de boas armas; interessavam-lhe sobretudo as doenças do sistema nervoso e concorreu ao internato da clínica de psiquiatria; a pouco e pouco foi-se especializando: as crianças desequilibradas atraíram-lhe a atenção e a piedade, encontrava-as em grande número num hospital de doidos onde ia escolher os seus doentes; toda a sua alma se confrangia ante os pobres seres que um duro destino aniquilara e ante os quais a medicina pouco podia; uma imensa piedade a invadia e a cada passo lhe lembravam as palavras de Jesus sobre os pequeninos; também ela estava certa de que o reino de Deus se não poderia construir sem a ajuda da criança. O seu interesse pelos anormais levara-a ao conhecimento dos trabalhos de Ittard que, no tempo da Revolução Francesa, tivera de educar um idiota de oito anos conhecido pelo Selvagem de Aveyron e que, pela primeira vez, praticara uma observação metódica do aluno, construindo depois sobre ela o seu método de educação; de Ittard passou a Montessori a Edouard Séguin, professor e médico, que fizera durante dez anos experiências pedagógicas com pequenos internados numa casa de saúde e montara a primeira escola para anormais; leu atentamente o seu livro Hygiene et éducation des idiots et autres enfants arriérés (1846), seguiu-se-lhe o trabalho feito na América para onde emigrara e onde tinha fundado escolas de atrasados e anormais; em Nova Iorque, publicara outro livro, Idiocy and his treatment by physiological method (1866), em que dava o essencial do método. Séguin insistia sobretudo na necessidade de uma observação cuidadosa do aluno; nada devia ser feito que pudesse representar uma violência às suas possibilidades psíquicas, o mestre não devia ser um modelador mas um espírito atento, pronto a aproveitar, fornecendo-lhe pontos de apoio para que se exercesse, todo o mais leve sintoma de um despertar psicológico; como o homem que ajuda o atleta no salto, tratava-se de amparar, não de forçar; o mestre devia, portanto, ter uma preparação científica cuidada e um perfeito domínio de si próprio; ao mesmo tempo, Séguin fornecia-lhe um material que construíra depois de anos de experiência e que lhe parecia ser o mais adaptado aos interesses espontâneos do anormal; o esperar aparecia no método de Séguin como a primeira grande qualidade do professor de anormais; a segunda, era a de saber aproveitar as oportunidades, que são quase sempre únicas, de fixar e desenvolver as débeis iniciativas internas do aluno. Em 1898, num congresso em Turim, defendeu a Montessori a tese de que os deficientes e anormais precisavam muito menos da medicina do que dum bom método pedagógico; não se punha, evidentemente, de parte tudo o que fosse tratamento do sistema nervoso, reconstituintes e tónicos; mas assegurava-se que as esperanças de qualquer desenvolvimento estavam no mestre, não no clínico; era necessário que se criasse à volta do aluno um ambiente que o ajudasse, e que os médicos desprezavam, demasiado interessados por uma terapêutica tomada em sentido restrito; não havia que internar os anormais em casas de saúde e fazê-los desfilar pelas clínicas; tinham de se construir escolas onde se aperfeiçoassem, pela observação quotidiana, os métodos de Séguin e onde, ao mesmo tempo, se pu- dessem formar os professores; porque, sem bons professores, nada se poderia fazer . Guido Baccelli, que fora professor de Maria Montessori e ocupava então o lugar de ministro da Instrução Pública, interessou-se pela comunicação e chamou-a a Roma para uma série de conferências sobre o ensino de anormais; as conferências despertaram o interesse de todos que se dedicavam ao assunto e criaram um movimento de opinião a favor das ideias que defendia a Montessori; o facto de terem dado excelentes resultados as experiências de Séguin em Paris e na América animava os mais cépticos; havia que tentar na Itália um instituto semelhante aos de Séguin; com relativa facilidade, pôde Baccelli fundar uma Escola Ortofrénica, com internato para crianças anormais e com organização que permitia fornecer os mestres que desejassem entregar-se a tal especialidade: fixara-se bem no espírito de todos a ideia de que um mestre sem preparação compromete os resultados de um método por melhor que este seja. Toda a vida de Maria Montessori se orientava agora para a educação dos anormais; tomava conhecimento de tudo quanto se ia publicando em Itália e no estrangeiro sobre pedagogia, aproveitava todas as sugestões que se lhe afiguravam úteis, prosseguia infatigavelmente as suas experiências com os alunos do internato; mostrava aos candidatos a professores como a tarefa que empreendiam era das mais nobres que alguém pode tomar sobre si, como a caridade, o espírito de sacrifício, a atenção, o íntimo entusiasmo, o optimismo e o zelo pelo trabalho formam o indispensável fundamento em que vêm assentar os conhecimentos e preceitos; já desde então lhe surge no espírito o pensamento de que na escola não ganham só os alunos, mas também os mestres, e de que a educação não é, como se julgara até aí, um jogo unilateral: se a escola é boa, a personalidade do mestre deve também enriquecer-se ao contacto da do aluno, mesmo que se trate de anormais, e, como veremos, sobretudo se se trata de anormais. As viagens a Paris e a Londres puseram-na a par do que se fazia de mais moderno em outros países; já, porém, a sua escola se colocava em melhor plano do que aquelas que visitava; sentia que dentro de pouco tempo Séguin estaria superado; ao regressar, trabalhou ainda com mais vontade: dia após dia, das 8 da manhã às 8 da tarde, Maria Montessori instruía os mestres, observava os alunos, redigia as suas notas, atendia a consultas, entrava em ligação com todas as pessoas que podiam ajudá-la; mandara fabricar o material de Séguin e aperfeiçoara-o, pusera de lado o que reconhecia insuficiente, criara ela própria material novo; o esforço físico a que se obrigara prostrou-a por fim; mas os anormais que educara, submetidos a exame nas escolas públicas, prestaram provas tão boas como as dos alunos normais. Triunfava, mas, no descanso que se impusera, um novo problema a preocupava; como era possível que alunos anormais quase batessem os normais? Só havia uma explicação: a de que as escolas de normais estavam mal organizadas, a de que os métodos eram péssimos e sacrificavam todas as possibilidades que a natureza, generosamente, tinha distribuído à maior parte das crianças; se assim era (e que dúvida poderia existir?), havia uma faina mais importante do que educar anormais: tinha que libertar os milhões de espíritos que implacavelmente as máquinas escolares diminuíam ou esmagavam; a empresa apareceu-lhe como tão grandiosa, a missão como tão bela que teve medo de se entregar por completo ao sonho magnífico; dominou-se e disciplinou-se: tinha de preparar-se cuidadosamente, antes de se lançar pelo novo caminho que se abria. Abandonou a Escola Ortofrénica e entregou-se a uma nova leitura de Ittard e de Séguin; traduziu-lhes os livros para italiano, esforçando-se por os escrever como um calígrafo, para que cada palavra se lhe gravasse indelevelmente no espírito; durante meses, Maria Montessori medita no silêncio do seu gabinete, esforçando-se por dar às suas ideias a forma exacta e a íntima convicção que lhe seriam depois os meios infalíveis para a conquista do mundo; como um guerreiro em vela de armas, só quer no seu espírito pensamentos nítidos e puros; a linha essencial vai-se desenhando a pouco e pouco e o livro que Séguin publicara em1866 dá-lhe o traçado definitivo: o método que o francês criara era tão bom que dava resultado, mesmo quando se aplicava a alunos anormais. A preparação, porém, não se podia considerar completa; Maria Montessori volta a ser estudante e frequenta as aulas de psicologia experimental e de pedagogia; ouvidos os professores de Roma, corre aos de Nápoles e de Milão e fixa o mínimo ensinamento, cuidadosamente o insere no seu próprio sistema, eliminando o que a experiência lhe indica como errado, modificando o que uma segura penetração do problema lhe faz ver como precipitada conclusão; as bibliotecas e os cursos conhecem-lhe a assiduidade fervorosa e, não contente com os conhecimentos que eles lhe forneciam, procura alargá-los visitando as escolas elementares do reino, inquirindo junto dos professores dos métodos seguidos e dos resultados obtidos, assistindo às aulas, manejando as classes quando lhe era possível fazê-lo. O seu trabalho com os anormais e o interesse que demonstrava pelas questões de educação levaram o ministro a nomeá-la para a cadeira de antropologia pedagógica de Roma; era um lugar em que podia exercer uma grande influência, expondo as suas ideias sobre o ensino elementar e levando os futuros mestres a não considerarem como resolvido o problema da escola; lançar-lhes no espírito a dúvida quanto ao que se tinha feito até aí era já um grande passo; mas o que havia a fazer de positivo, não era da sua cátedra que o faria: as palavras podem preparar os espíritos, mas, nas questões de educação, só as realizações, com os resultados que ninguém pode discutir, trazem a vitória aos que se apresentam como paladinos de uma ordem nova. Pensou em seguir o caminho que tomara com os anormais e fez diligência por que se fundasse uma Escola Normal, com classes de experiência, por onde passariam todos os alunos e mestres; as duas tarefas - a da reforma de métodos e a preparação de professores - iriam a par, como da outra vez, dando todas as garantias contra a falência por falta de formação do pessoal; a burocracia, porém, que até então se mostrara anormalmente compreensiva e pronta, pôs obstáculos que se revelaram insuperáveis; nenhum esforço conseguia vencer a espessa barreira e Maria Montessori teve, por uns tempos, de se resignar ao único meio de que dispunha para ir espalhando as suas ideias. Mas não desanimava; sabia que, quando uma ideia e uma vida formam um todo indissolúvel e existem uma pela outra, cedo ou tarde o mundo acede à vontade invencível e se deixa modelar, oferecendo quanta vez uma riqueza de possibilidades muito superior ao que se tinha julgado; e, segundo o que pensava, a ocasião surgiu: uma empresa italiana que construía prédios para gente pobre pediu-lhe, em 1906, que ajudasse a resolver um problema importante: os pais dos pequenos que moravam nos prédios iam para o seu emprego muito cedo e quase todo o dia estavam ausentes de casa; o resultado era que as crianças, entregues a si próprias, faziam um barulho insuportável e estragavam o prédio; se Maria Montessori quisesse tomar conta do trabalho de as aquietar e entreter, estavam dispostos a ceder-lhe uma sala em cada "bloco" e a pagar-lhe o pessoal necessário. Maria Montessori mediu imediatamente as vantagens excepcionais da oferta: em primeiro lugar não se tratava de escolas, não havendo, portanto, nenhuma espécie de exigências quanto a programas e exames; em segundo lugar, os pais não possuíam a mínima noção de pedagogia e não seriam tentados a intervir no funcionamento da sala; por fim, se o método desse resultado, teria, para a sua difusão imediata e aplicação a todas as escolas elementares, duas qualidades importantes: era barato e dava resultado mesmo com camadas de população de baixo nível cultural e de deficiente vida material. Escolhido o prédio em que se devia fazer a primeira experiência e contratada uma professora, elaborou-se o regulamente traçado em linhas muito simples: admitiam-se todas as crianças da casa, desde os 3 aos 7 anos de idade, sem nenhum dispêndio para os pais, que apenas se comprometiam a mandá-las às horas indicadas pela directora, lavadas e com vestidos limpos; a ajudar o pessoal na sua tarefa de educação; a darem à directora as informações que lhes pedissem quanto ao comportamento da criança em casa; a acatarem os conselhos que lhes dessem os professores; os pequenos que se apresentassem sujos ou mal cuidados ou que se mostrassem indisciplinados não poderiam frequentar a sala; por último, excluir-se-iam também aqueles cujos pais faltassem ao respeito ao pessoal da Casa ou de qualquer modo entravassem a acção educativa que se empreendia com a fundação; todos os casos omissos seriam resolvidos pela directora. A primeira Casa dei Bambini abriu em Janeiro de 1907, com instalações que ficavam muito aquém das que hoje se exigiriam numa escola bem montada, mas que davam à Montessori toda a possibilidade de fazer as suas experiências; o mobiliário era rudimentar , faltavam flores, as crianças não tinham espaço suficiente para os recreios; mas, na parede, a Madona deIla Sedia de Rafael era o símbolo de todo o carinho, de toda a inteligente dedicação, de toda a vontade criadora que se iam empregar na empresa; a professora escolhida compreendia Maria Montessori e seguia-lhe as directrizes com entusiasmo pela tarefa e confiança nos princípios do método. Tão bons resultados deu, quanto a disciplina, a primeira Casa, que a empresa resolveu abrir outra; a 7 de Abril, inaugurou-se a segunda, pouco depois uma terceira; as perspectivas eram brilhantes porque a empresa possuía já 400 prédios, e 400 escolas Montessori seriam mais que o bastante para impor o método a toda a Itália e depois ao resto do mundo; os educadores começavam a chegar a Roma e a visitar as Case dei Bambini, regressando entusiasmados com o que se conseguia fazer: falavam de crianças novas, dos seres extraordinários de delicadeza, de precisão, de inteligência, de correcção que Maria Montessori soubera criar; nas escolas que iam montando noutras cidades, os professores mais audaciosos guiavam-se todos pelas normas montessorianas que vinham aprender nas visitas às Case . Teresa Bontempi introduziu-as na Suíça e as escolas infantis deixaram Froebel por Montessori; pouco depois fundou-se uma escola na Argentina e, em 1910, o método penetrou nos Estados Unidos; em 1911, abriu-se uma escola em Paris e, em 1913, constituiu-se na Inglaterra uma sociedade Montessori. Ao mesmo tempo duas sociedades, uma de Milão, outra de Roma, ofereceram-se para fabricar o material necessário e a baronesa Alicia Franchetti pagava a primeira edição da Pedagogia Científica em que Maria Montessori expunha os princípios e a didáctica do seu método; e, em 1911, devido aos esforços de Maria Maraini Guerrieri, o método Montessori era adoptado nas escolas primárias de Itália. Hoje, os livros de Maria Montessori estão traduzidos em numerosas línguas, entre as quais o chinês e o árabe; há escolas Montessori em todo o mundo, até no Tibete e no Quénia; na Itália, na Hungria, na Holanda, no Panamá e na Austrália, os governos mandam adoptar o método nas escolas oficiais e modificam as leis escolares, todas as vezes que há entre elas e o funcionamento das escolas qualquer incompatibilidade; a preparação dos mestres também não foi descuidada e em vários países existem escolas de formação montessoriana; a sociedade Montessori tem secções em todas as terras civilizadas e funda escolas, organiza conferências, cursos de férias; o movimento amplia-se cada vez mais, embora com todas as modificações que os progressos recentes da pedagogia apresentam como aconselháveis. (Agostinho da Silva, O Método Montessori, pp.11-20)







Maria Montessori(1870-1952)

Médica e pedagoga italiana. Primeira italiana formada em Medicina. Pediatra, abriu a primeira escola para crianças com deficiência, em 1907, tendo desenvolvido um método inovador na educação e ensino de crianças. Começou pelos bairros degradados de Roma, na chamada Casa dei Bambini (Casa das Crianças), e os seus métodos passaram a muitos países. As bases do seu método têm em consideração o desenvolvimento natural da criança e daí ir adaptando o ensino consoante a resposta da criança aos diversos estímulos e não o uso de medicamentos, como era uso até aí. Abriram colégios e escolas com o seu método por todo o mundo ocidental, na China e na Índia. Em 1936, por motivos ideológicos, abandonou a Itália e radicou-se nos Países-Baixos. Era defensora empenheda da liberdade e paz. O seu método de ensino foi publicado com o título «A Criança». Deixou obras como «Manual de Pedagogia Cientifica: formazione dell Uomo», «Educazione e Pace: La vita di Cristo», «Antropologia Pedagógica», entre outras. Maria Montessori revolucionou o ensino e a Itália concedeu-lhe a honra de figurar nas antigas notas de 1000 liras do seu país.



quarta-feira, 11 de abril de 2007

Marlene Dietrich



Marlene Dietrich foi uma actriz e cantora de origem alemã.Nasceu em 27 de dezembro de 1901,com o nome de Maria Magdalene Von Bosch em Kuestrin (Alemanha), nos arredores de Berlim. Faleceu em 6 de maio de 1992, em Paris, França.
Filha de um oficial prussiano, fez escola de artes cenicas e filmes mudos até 1930. Casou-se em 1921, com um ajudante de diretor chamado Rudolf Sieber, sendo mãe de sua unica filha, Maria, em 1924.
Estreou no teatro aos 23 anos de idade, fazendo cinco anos de carreira apagada até ser descoberta pelo diretor austríaco Josef Von Sternberg que a convidou para protagonizou o filme Der Blaue Engel (1930), lançado no Brasil como "O Anjo Azul", baseado no romance de Heinrich Mann "Professor Unrat". Foi o primeiro dos 7 filmes nos quais Marlene Dietrich e o diretor Josef von Sternberg trabalharam juntos. Os demais foram Marrocos (1930), Desonrada (1931), O Expresso de Shangai (1932), A Vênus Loira (1932), A Imperatriz Galante (1934) e Mulher Satânica (1935). Depois de trabalhar com von Sternberg, ela foi crescendo em Hollywood, fazendo filmes mais profundos e mais marcantes.
Foi convidada por Hitler para protagonizar filmes pró-nazistas, mas ela recusou o convite e se tornou cidadã americana, o que Hitler tomou como um desrespeito para a pátria alemã, e chamou Dietrich de traidora.
Durante a guerra, Marlene foi com as tropas aliadas para os lugares de combate, onde cantava para divertir e aliviar a dor dos soldados. Condecorada com medalha após a guerra, Marlene descobriu um dom que poderia explorar: sua voz. Assim ela começou a cantar e atuar.
A partir de 1951 ela começa a se apresentar em shows em Las Vegas, no Sahara Hotel.
Em 1961 ela protagoniza um filme que quebra barreiras e choca o mundo com um assunto que ainda assustava. O filme era "Julgamento em Nuremberg", que tratava do holocausto, do nazismo, e do tumultuado julgamento, que condenou os grandes líderes nazistas.
Com turnês mundiais, ela visita o mundo todo, porém volta para sua pátria, a Alemanha, apenas em 1962, e sua volta não agradou a todos, pois os nazistas remanescentes a chamaram de traidora em pleno aeroporto.
Marlene tinha em Berlim uma de suas melhores amigas, a também talentosa cantora e atriz Hildegard Knef.

Em 1978 Marlene protagoniza seu último filme "Just a gigolo", onde contracenou com David Bowie. Porém nesse meio tempo ela faz várias participações em rádios e programas de televisão. Mas esconde-se em seu apartamento em Paris, onde morre em 1992, aos 91 anos de idade, de causas naturais. Porém existem comentários que Marlene se matou com calmantes pois não suportava o fato de envelhecer, outros dizem que ela tinha Mal de Alzheimer, e por isso se matou, mas não existe nada que comprove esses comentários.
Em 2001 foi feito um filme biográfico sobre a diva, dirigido pelo seu neto e com comentários de várias pessoas que conviveram com Dietrich, como sua filha Maria Riva, seu sobrinho, Hildegard Knef, Burt Bacarach, o filho de von Sternberg, entre outros.
Foi a primeira mulher a usar calças publicamente nos anos 20.




sábado, 7 de abril de 2007

Sarah Bernhardt



Sarah Bernhardt, pseudônimo de Henriette Rosine Bernard (Paris, 22 de outubro de 1844 — idem, 26 de março de 1923) foi uma actriz francesa. Filha de uma famosa cortesã holandesa judia, Judith van Hard e de um estudante de direito francês, Edouard Bernard.



Seu papel mais marcante foi o da peça A Dama das Camélias de Alexandre Dumas. Veio ao Brasil quatro vezes, as duas primeiras ainda durante o reinado de D. Pedro II. Na última visita, durante uma encenação, sofreu um acidente que lhe gerou sérios problemas em sua perna e que culminou, anos depois, em sua morte.



Em filmes brasileiros, Sarah Bernhardt foi representada em dois, em O Xangô de Baker Street e no filme Amélia



Sarah Bernhardt nasceu no nº 5 de la calle École de Medicine', a Paris. Sua mãe, Youle (Julie) Bernard, era uma judia de origem holandesa. Ganhava a vida como prostituta de luxo, junto a sua irmã, Rosine Bernard. Sarah tinha ainda dois outros tios: a tia Henriette, casada com um cavalheiro chamado Félicien Faure, e o tio Edouard Bernard, que migrou dos Países Baixos para o Chile, onde fez fortuna. Julie teve várias filhas, além dela: em abril de 1843 teve duas gêmeas, que faleceram com duas semanas de vida. Depois de Sarah, veio Jeanne (registo de nascimento desconhecido) e Régine, em 1855, que faleceu tuberculosa em 1873. Todas elas filhas de pais diferentes e desconhecidos. Sarah Bernhardt nunca soube quem foi seu pai biológico.
Sarah passou os primeiros 4 anos de sua vida na Bretanha, aos cuidados de uma babá. A primeira língua que conheceu foi o bretão e por este motivo adotou a forma bretã de seu sobrenome, na carreira teatral: Bernhardt. Nesta época sofreu um acidente que muitos anos depois lhe acarretaria graves problemas de saúde: caiu de uma janela, quebrando a patela direita. Ainda que tenha se curado, a patela continuou frágil para sempre, e em 1914, por causa de novo acidente, e com as fortes dores que sentia, teve a perna direita amputada. Após este acidente, sua mãe a levou consigo a Paris, onde permaneceu dois anos. Perto de completar 7 anos ingressou na Instituição Fressard - um internato para garotas, perto de Auteuil, onde permaneceu dois anos. Em 1853 ingressou no colégio de freiras Grandchamp, região de Versalles. Neste colégio participou de sua primeira peça teatral: "Tobias recobra a visão", escrita por uma das monjas. Também ali foi batizada e fez sua primeira comunhão. O ambiente místico do colégio interno lhe fez desejar tornar-se monja.
Depois de abandonar Grandchamp, aos 15 anos, sua mãe tratou de introduzi-la no ambiente mundano, para que ganhasse a vida como prostituta de luxo. Mas Sarah, influenciada por sua educação religiosa, negou-se repetidamente. Julie Bernard tinha um salão em Paris, onde recebia os seus clientes. Entre estes estava o meio-irmão de Napoleão III, o Duque de Morny. Morny aconselhou-a inscrever-se no Conservatoire de Musique et Declamation. Graças aos contatos do duque, Sarah ali ingressou sem dificuldades em 1859.


Sarah Bernhardt




Já em 1861 ganhou o segundo prêmio em tragédia, e uma menção honrosa em comédia. Findos seus estudos no Conservatório, entrou, mais uma vez graças aos influentes contatod e Morny, para a Comédie Française, estreando em 11 de agosto de 1862 com a obra "Iphigénie", de Jean Racine.
Foi contratada pelo Teatro Gymnase, onde fez sete pequenos papéis em obras diversas. Atuou ali pela última vez em 7 de abril de 1864, na obra "Un mari qui lance sa femme".
Neste mesmo ano conheceu um dos grandes amores de sua vida, o príncipe Charles-Joseph Lamoral, de Ligne. Iniciou uma apaixonada relação com ele, até que ficou grávida, e o príncipe a abandonou. Em 22 de dezembro deu à luz ao seu único filho, Maurice Bernard.