A voz de Luna Andermatt enche o estúdio 1 da Companhia Nacional de Bailado (CNB). Os olhos grandes e azuis percorrem a sala. Suspira. “Fui eu que inaugurei este estúdio, que saudade!” Luna Andermatt foi a primeira directora da CNB, na altura já arrumara as sapatilhas de pontas, ou então tinha-as deixado a Clara. “Nem percebi que tinha começado, creio que só me questionei por que dançava quando tinha 20 anos”, conta a bailarina e coreógrafa. Clara foi para Londres estudar. Ficou em casa da irmã Maria de Assis, que não enveredou pela dança porque a biologia lhe foi madrasta e não lhe deu o corpo que precisava para continuar o bailado que havia começado ainda dentro da barriga da mãe. Deu a volta e trabalhou na dança por detrás do pano. Hoje, dirige o serviço de música da Fundação Gulbenkian. É mãe de Guy, estudante de design gráfico, bailarino até aos nove anos “por imposição”, diz ele. Livrou-se da dança ao mudar de escola, mas não se “livrou” delas. As mulheres da família. As que estão, afinal, na origem de tudo.
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