Joana d'Arc
Joana d'Arc (em francês Jeanne d'Arc) (Domrémy-la-Pucelle, 6 de janeiro 1412 — Ruão, 30 de maio 1431), por vezes chamada donzela de Orléans, é a santa padroeira da França e foi uma heroína da Guerra dos Cem Anos. Durante a guerra, tomou partido pelos árudos Armagnacs na longa luta contra os borguinhões e seus aliados ingleses. Descendente de camponeses, gente modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ser queimada viva.
Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até ao século XIX (o século do nacionalismo), o que parece confirmar as teorias sobre o nacionalismo de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: "Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica".
François Villon, nascido em 1431, no ano de sua morte, evoca sua lembrança na bela «Ballade des Dames du temps jadis» ou seja, «Balada das damas do tempo passado» -
Et Jeanne, la bonne Lorraine
Qu'Anglais brûlèrent à Rouen;
Où sont-ils, où, Vierge souvraine?
Mais où sont les neiges d'antan?
Antes do decrépito século XIX, Shakespeare tratou-a como uma bruxa; Voltaire escreveu um poema satírico ou pseudo ensaio histórico que a ridicularizava, intitulado «La Pucelle d´Orleans» ou «A Donzela de Orleans»
Depois da Revolução, o partido monárquico reavivou a lembrança da boa lorena que jamais desistiu do retorno do rei. Joana será recuperada pelos profetas da «França eterna», em primeiro lugar o grande historiador romântico Jules Michelet. Com o romantismo, o alemão Schiller fez dela a heroína da sua peça de teatro "Die Jungfrau von Orleans", publicada em 1801. Em 1870, quando a França foi derrotada pela Alemanha - que ocupou a Alsácia e a Lorena - "Jeanne, a pequena pastora de Domrémy, um pouco ingênua, tornou-se a heroína do sentimento nacional". Republicanos e nacionalistas exaltarão aquela que deu sua vida pela pátria.
Depois da Revolução, o partido monárquico reavivou a lembrança da boa lorena que jamais desistiu do retorno do rei. Joana será recuperada pelos profetas da «França eterna», em primeiro lugar o grande historiador romântico Jules Michelet. Com o romantismo, o alemão Schiller fez dela a heroína da sua peça de teatro "Die Jungfrau von Orleans", publicada em 1801. Em 1870, quando a França foi derrotada pela Alemanha - que ocupou a Alsácia e a Lorena - "Jeanne, a pequena pastora de Domrémy, um pouco ingênua, tornou-se a heroína do sentimento nacional". Republicanos e nacionalistas exaltarão aquela que deu sua vida pela pátria.
Durante a primeira fase da IIIaª República, no entanto, o culto a Joana d'Arc esteve associado à Direita monarquista, da qual era um dos simbolos, como o rei Henrique IV, sendo mal vista pelos republicanos. A Igreja Católica francesa propôs a Pio X sua beatificação realizada em 1909, num período dominado pela exaltação da Nação e o ódio ao estrangeiro, inglês ou alemão. O gesto do papa se inspirou no desejo de fazer a Igreja de França entrar em mais perfeito acordo com os dirigentes anticlericais da IIIª República. Mas só com a Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918, Joana deixa de ser uma heroína da Direita; para Irène Kuhn,a partir daí "os postais patrióticos mostram Jeanne à cabeça dos exércitos e monumentos seus aparecem como cogumelos por toda a França. O Parlamento francês estabelece uma festa nacional em sua honra no 2º domingo de maio.
Gravura de 1505Em 9 de maio de 1920, 500 anos depois de sua morte, Joana d'Arc foi definitivamente reabilitada sendo canonizada pelo papa Bento XV - era a Santa Joana d'Arc. A canonização traduzia o desejo da Santa Sé de estender pontes para a França republicana, laica e nacionalista. Em 1922 foi declarada padroeira de França. Joana d´Arc permanece como testemunha de milagres que pode realizar uma pessoa ainda mesmo que animada apenas pela energia de suas convicções, mesmo adolescente, pastora e analfabeta. De modo que seu exemplo guarda um valor universal.
Notas biográficas
Notas biográficas
Joana d'Arc afirmava que desde os 13 anos ouvia vozes divinas. As vozes insistiam para que ela salvasse a França do domínio inglês, porém, durante cinco anos, manteve essas mensagens em segredo, até 1429, quando conseguiu um cavalo, deixou a sua casa na região de Champagne e viajou em destino à Corte do rei francês Carlos VII. Joana teria convencido o rei Carlos VII do seu desígnio divino após ter sido provada por Sua Majestade.
Segundo a tradição oral, a primeira dessas provações teria sido quando, antes dela entrar na sala do trono, o rei pedira a um nobre que vestisse o manto real e se sentasse no trono, enquanto ele se misturaria entre os nobres, para se assegurar de que Joana, se fosse enviada divina, poderia reconhecê-lo como rei. Joana teria então entrado, lançado um olhar para o falso rei, ido até ao verdadeiro, curvado e dito: "Senhor, vim conduzir os seus exércitos à vitória". Mais tarde, porém, o rei ainda a fez passar por outras provas diante dos teólogos reais, como, por exemplo, para averiguar a sua virgindade.
Joana d'Arc dizia escutar vozes celestiais que lhe davam alento para a conquista.
Convencido do discurso de Joana, o rei entrega-lhe às mãos uma espada, um estandarte e o comando das tropas francesas, para seguir rumo à libertação da cidade de Orléans, que havia sido invadida e tomada pelos ingleses havia oito meses.
Joana d'Arc dizia escutar vozes celestiais que lhe davam alento para a conquista.
Em Maio de 1429, com um pequeno exército, Joana consegue a vitória sobre os invasores em apenas oito dias. Cerca de um mês após sua vitória sobre os ingleses em Orléans, ela conduziu o rei Carlos VII à cidade de Reims, onde Carlos VII é coroado em 17 de julho. A vitória de Joana d'Arc e a coroação do rei acabaram por reacender as esperanças dos franceses de se libertarem do domínio inglês e representaram a a virada da guerra. A inveja dos conselheiros rivais e as dúvidas sobre suas habilidades militares reduziram a influência de Joana d'Arc. Na primavera de 1430, Joana d'Arc retomou a campanha militar e passou a tentar libertar a cidade de Compiègne, onde acabou sendo dominada e capturada pelos borgonheses, aliados dos ingleses, em 1430.
Foi presa em 23 de Maio do mesmo ano e entregue aos ingleses, que, interessados em desacreditá-la, a acusam de bruxaria e heresia. Submetida a um tribunal católico em Ruão, Joana é condenada à morte na fogueira, após meses de julgamento pela Igreja inglesa. O maior responsável por sua morte é o bispo Pierre Cauchon, que já fora reitor da Universidade de Paris, e fez tudo para agradar os ingleses, com o objetivo de obter o bispado de Ruão. Joana é queimada viva em 30 de maio de 1431, com apenas dezanove anos. Reza a lenda que Joana era tão católica que depois de queimada, só o coração ficou intacto.
Joana d'Arc sendo interrogada pelo Cardeal de Winchester numa pintura de Paul Delaroche.
A revisão do seu processo começou a partir de 1456, quando foi considerada inocente pelo Papa Calisto III e o processo que a condenou foi considerado inválido, e em 1909 a Igreja Católica a beatifica. Em 1920, Joana d'Arc é declarada santa pelo Papa Bento XV.
Joana D'Arc de Luc Besson
Joana d`Arc: Relíquias são falsificação feita de múmia
As presumíveis relíquias de Santa Joana D`Arc são afinal uma falsificação realizada a partir de uma múmia egípcia e não os restos mortais da heroína francesa queimada na fogueira em 1431, revela hoje a revista britânica Nature.
No ano passado, uma equipa de cientistas franceses dirigidos por Philippe Charlier obteve autorização da Igreja francesa para investigar os restos de ossos e roupa que supostamente pertenciam a Joana D`Arc, célebre por ter comandado os exércitos franceses contra os invasores ingleses na Guerra dos Cem Anos.
Após ter submetido as relíquias a rigorosos exames biológicos, radiológicos, toxicológicos e de Carbono 14, ao longo de seis meses, os cientistas forenses concluíram que estes pertencem a uma múmia egípcia originária de um período entre os séculos III e VI antes de Cristo.
Na investigação também foram utilizados os dotes olfactivos de dois perfumistas, Sylvaine Delacourte (da casa Guerlain) e Jean Michel Duriez (da casa Jean Patou), que detectaram nos restos mortais odores a gesso queimado e a baunilha, o que sugere que se tratou de uma decomposição natural e não de um processo de combustão.
«É possível encontrar odores a baunilha numa múmia, mas não nos restos de alguém que morreu na fogueira», considerou Charlier, cujas análises químicas e ao microscópio também confirmam que não se trata de ossos carbonizados.
Joana D`Arc morreu aos dezanove anos numa fogueira em Rouen (Norte de França) após ter sido condenada por feitiçaria no final de um processo legal manipulado pelos ingleses.
A lenda assegura que os restos da santa foram lançados ao rio Sena para que os seus partidários não pudessem prestar homenagem.
No entanto, outra versão indica que os restos da guerreira foram recuperados de entre as cinzas da fogueira e - juntamente com os seus pertences - guardados até hoje no Arcebispado de Tours.
Os alegados restos da heroína foram encontrados em 1867 numa jarra numa farmácia de Paris com a inscrição «Relíquias encontradas na fogueira de Joana D`Arc, donzela de Orleães».
O recipiente continha uma costela humana aparentemente carbonizada, restos do que parece ser madeira queimada, um pedaço de linho e o fémur de um gato, o que é consistente com a prática medieval de lançar gatos preto à fogueira das mulheres queimadas por bruxaria.
Charlier, cientista forense do Hospital Raymond Poincaré de Garches, mostrou-se «atónito» com os resultados das análises das relíquias e explicou que nunca lhe passou pela cabeça que pertencessem a uma múmia.
O investigador atribui a relação entre as supostas relíquias de Joana D`Arc e restos funerários da época dos faraós à prática medieval de utilizar restos de múmias egípcias nalguns remédios medicinais.
A descoberta dos restos mortais no século XIX também coincide com o período em que os historiadores franceses transformaram Joana D`Arc num mito nacional.
Queimada a 29 de Maio de 1431, beatificada em 1909 e canonizada em 1920, Joana D`Arc nasceu numa família de camponeses e chegou a comandar várias campanhas militares francesas na Guerra dos Cem Anos.
Joana D`Arc dizia que lhe tinham aparecido anjos e santos que lhe transmitiram a ordem de expulsar de França os exércitos ingleses.
A Donzela de Orleães, como passou a ser conhecida, foi capturada em 1430 e julgada por heresia e bruxaria no ano seguinte.
O tribunal eclesiástico condenou-a à morte na fogueira.
Diário Digital / Lusa
04-04-2007 19:41:00
No ano passado, uma equipa de cientistas franceses dirigidos por Philippe Charlier obteve autorização da Igreja francesa para investigar os restos de ossos e roupa que supostamente pertenciam a Joana D`Arc, célebre por ter comandado os exércitos franceses contra os invasores ingleses na Guerra dos Cem Anos.
Após ter submetido as relíquias a rigorosos exames biológicos, radiológicos, toxicológicos e de Carbono 14, ao longo de seis meses, os cientistas forenses concluíram que estes pertencem a uma múmia egípcia originária de um período entre os séculos III e VI antes de Cristo.
Na investigação também foram utilizados os dotes olfactivos de dois perfumistas, Sylvaine Delacourte (da casa Guerlain) e Jean Michel Duriez (da casa Jean Patou), que detectaram nos restos mortais odores a gesso queimado e a baunilha, o que sugere que se tratou de uma decomposição natural e não de um processo de combustão.
«É possível encontrar odores a baunilha numa múmia, mas não nos restos de alguém que morreu na fogueira», considerou Charlier, cujas análises químicas e ao microscópio também confirmam que não se trata de ossos carbonizados.
Joana D`Arc morreu aos dezanove anos numa fogueira em Rouen (Norte de França) após ter sido condenada por feitiçaria no final de um processo legal manipulado pelos ingleses.
A lenda assegura que os restos da santa foram lançados ao rio Sena para que os seus partidários não pudessem prestar homenagem.
No entanto, outra versão indica que os restos da guerreira foram recuperados de entre as cinzas da fogueira e - juntamente com os seus pertences - guardados até hoje no Arcebispado de Tours.
Os alegados restos da heroína foram encontrados em 1867 numa jarra numa farmácia de Paris com a inscrição «Relíquias encontradas na fogueira de Joana D`Arc, donzela de Orleães».
O recipiente continha uma costela humana aparentemente carbonizada, restos do que parece ser madeira queimada, um pedaço de linho e o fémur de um gato, o que é consistente com a prática medieval de lançar gatos preto à fogueira das mulheres queimadas por bruxaria.
Charlier, cientista forense do Hospital Raymond Poincaré de Garches, mostrou-se «atónito» com os resultados das análises das relíquias e explicou que nunca lhe passou pela cabeça que pertencessem a uma múmia.
O investigador atribui a relação entre as supostas relíquias de Joana D`Arc e restos funerários da época dos faraós à prática medieval de utilizar restos de múmias egípcias nalguns remédios medicinais.
A descoberta dos restos mortais no século XIX também coincide com o período em que os historiadores franceses transformaram Joana D`Arc num mito nacional.
Queimada a 29 de Maio de 1431, beatificada em 1909 e canonizada em 1920, Joana D`Arc nasceu numa família de camponeses e chegou a comandar várias campanhas militares francesas na Guerra dos Cem Anos.
Joana D`Arc dizia que lhe tinham aparecido anjos e santos que lhe transmitiram a ordem de expulsar de França os exércitos ingleses.
A Donzela de Orleães, como passou a ser conhecida, foi capturada em 1430 e julgada por heresia e bruxaria no ano seguinte.
O tribunal eclesiástico condenou-a à morte na fogueira.
Diário Digital / Lusa
04-04-2007 19:41:00
2 comentários:
Joana D'arc a mim sempre foi grande menina santa. Diferente das santidades adornadas por vestes humanas, sua aureola acredito ter nascido com ela, em seu coração e pensamento. Com certeza suas santas e o Arcanjo São Miguel, a trajaram duma imensa luz na escuridão através de sua castidade física e gloriosa pureza d'alma.
"A juventude esquece de si mesma em seu próprio ardor... Uma vez que a juventude percebe onde está a beleza, sua auto-entrega é absoluta" (Alfred North)
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