Sabe-se que as Amazonas se radicaram na ilha de Lesbos, pátria de Safo – a maior poetisa da Grécia clássica (séc. VII e VI a.C.), em Lemnos e na Samotrácia, mais a Norte. Segundo a mitologia grega, as Amazonas eram filhas do deus Ares (deus da guerra, filho de Zeus) e da ninfa Harmonia (ligada ao culto dos deuses de Samotrácia). A mitologia destas mulheres diferentes vem da proto-história da Grécia. As Amazonas seriam originárias da Trácia ou das costas meridionais do Mar Negro (Cáucaso) e fixaram-se de início na Capadócia (hoje território turco) habitando as margens do Rio Termodonte. (No séc. XVII, Rubens pintou dois vigorosos quadros onde representa as lutas das Amazonas contra Teseu, precisamente sobre este rio). As Amazonas ter-se-iam apoderado de Éfeso, onde fundaram o mais antigo templo à deusa Ártemis, deusa esta conotada com o amor entre mulheres. Teriam fundado também a cidade de Mitilene, na Ilha de Lesbos, hoje francamente conotado com o lesbianismo, aspecto que enche inúmeras páginas da Internet. Há uma revista belga, de lésbicas com o nome de Pentesileia.
Também as mulheres mastectomatizadas se identificam com o nome das Amazonas.
Um dos encontros mais contados das Amazonas foi com os Argonautas que chegaram à Ilha de Lemnos. Foram bem recebidos, a ponto de ali permanecerem um ano, quase esquecendo a sua missão que era a demanda do «Velo de Ouro».
COMBATES
Os mais célebres combates destas mulheres audazes foram contra o coríntio Belerofonte (um dos heróis da Ilíada), que as vence e a quem Eurípedes dedicou uma tragédia; contra o herói de Atenas, Teseu que se apaixonou da rainha Hipólita, de cuja união nasceu Hipólito, protagonista de outra tragédia de Eurípedes (séc. V a.C.) e um dos poucos filhos de Amazonas que terá atingido a idade adulta, e que teve um fim trágico; contra Aquiles, outro herói de Homero, que se perde de amores por outra rainha das Amazonas Pentesileia. Neste caso, a Guerra de Tróia colocou os dois amantes em campos opostos. Aquiles venceu a rainha das Amazonas, mas no momento em que lhe enterrou a espada no peito sentiu-se subjugado pelo encanto da sua intrépida opositora; mas já era tarde. O mais representado combate é sem dúvida contra Hércules, sendo este confronto o oitavo dos chamados Doze Trabalhos de Hércules, que consistia em arrebatar o cinto de Hipólita. Esta, por amor, oferece-lho sem luta, mas a ciumenta mulher de Zeus, disfarçada de amazona, provocou a confusão entre as hostes e Hércules por engano mata Hipólita. Outra rainha das Amazonas, Talestris, teria vencido o rei persa, Ciro o Grande.
A longa Idade Média também escolheu as Amazonas como tema. Para muitos pintores elas foram pretexto para mostrarem o seu talento a delinear e pintar corpos femininos, que de outro modo não era permitido pelos cânones da época. No Renascimento o tema foi tomado com outro à vontade e mestria. São muitos os grandes pintores a imortaliza-las. E chegam aos nossos dias, sempre dando origem a novas interpretações.
Na A Divina Comédia de Dante e em Camões, mais precisamente em Os Lusíadas, influenciado pela Odisseia, quando a deusa Calipo demora Ulisses sob os encantos do amor, nos cantos IX e X na Ilha dos Amores, há nítida influência das ilhas povoadas por essas mulheres.
O simbolismo das Amazonas, como guerreiras foi também importante para as mulheres do período da Revolução Francesa (1789). Ficaram conhecidas, em 1790, as Amazonas de VIC (departamento dos Altos Pirinéus).
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