sábado, 17 de março de 2007

Leni Riefenstahl


Berta Helene Amalie "Leni" Riefenstahl (22 de agosto de 1902 - 8 de setembro de 2003) foi uma cineasta alemã da era nazista, renomada por sua estética. Suas obras mais famosas são os filmes de propaganda que ela realizou para o Partido Nazista alemão. Submetida ao ostracismo na indústria cinematográfia após a guerra, ela se tornou uma fotógrafa e mergulhadora.

BiografiaNascida em Berlim, na Alemanha, Leni iniciou sua carreira como dançarina -- numa entrevista em 2002 ela lembrou que dançar era o que a fazia realmente feliz. Quando teve de parar, ainda jovem, por causa de uma lesão no joelho, ela assistiu a um filme no cinema. Leni ficou impressionada com as possibilidades do meio e entrou em contato com um diretor para pedir um papel em um filme. A partir de então, ela estrelou vários filmes de montanha, filmando em externas na neve com pouca roupa, escalando montanhas íngremes descalça. Quando lhe ofereceram a oportunidade de dirigir A Luz Azul, ela aceitou. Seu interesse, a princípio, estava em filmes de ficção.


De acordo com algumas fontes, Leni ouviu Hitler discursar num comício em 1932 e ofereceu a ele seus serviços como cineasta, por que teria ficado fascinada pelas habilidades oratórias do líder. Já outras, como a própria diretora, afirmam que ela é que foi procurada por Hitler, depois que este assistiu -- e adorou -- o filme A Luz Azul. De todo modo, já em 1933 ela dirigiu um curta-metragem sobre um comício do Partido Nazista. Hitler, então, pediu a Leni que filmasse a convenção anual do Partido em Nurembergue em 1934. A princípio, ela se recusou, sugerindo que Hitler contratasse Walter Ruttmann para dirigi-lo em seu lugar. Mais tarde, Leni Riefenstahl voltou atrás e realizou O Triunfo da Vontade, um documentário considerado por muitos como uma das melhores obras de cinema já produzidas. Ela prosseguiu, realizando um filme sobre a Wehrmacht (exército alemão), intitulado O Dia da Liberdade.


Em 1936, Leni Riefenstahl qualificou-se para representar a Alemanha no rali de esqui nos Jogos Olímpicos de 1936, mas, em vez disso, preferiu filmar o evento. O material captado virou o filme Olympia, celebrado por suas inovações técnicas e estéticas -- até hoje influentes em toda a cobertura esportiva da televisão. Sendo que o esporte como conhecemos hoje, nasceu e se glorificou na Alemanha nazista, o primeiro país do mundo a popularizar o esporte nas camadas mais pobres até as mais ricas.


Após a Segunda Guerra Mundial, ela passou quatro anos presa num campo de concentração francês. Foi acusada de usar prisioneiros nos sets de filmagens, mas tais acusações nunca foram provadas em tribunal, um abuso a liberdade individual de uma pessoa, ainda mais uma mulher. Ao final do julgamento, sem conseguir encontrar nenhuma imputabilidade no apoio de Leni aos nazistas, o tribunal considerou-a apenas "simpatizante". Em entrevistas posteriores, Leni Riefenstahl insistiu que tinha sido fascinada pelos nazistas, mas que era politicamente ingênua e ignorava as falhas cometidas na guerra; uma posição que vários de seus críticos consideram ridícula, injustamente, se tratando de uma cineasta.
Leni tentou produzir outros filmes no pós-guerra, mas cada tentativa foi boicotada por resistências, protestos e duras críticas. O boicote impediu Leni de financiar suas produções. Os poucos filmes que conseguiu realizar foram curtas e bancados pessoalmente, e novamente, obras de grande engenhosidade. Após isto, ela se tornou fotógrafa. Leni se interessou pela tribo Nuba do Sudão e publicou dois livros com fotos dos guerreiros da tribo em 1974 e 1976, o que foi uma pancada a todos que lhes acusavam injustamente. Ela sobreviveu a uma queda de helicóptero no Sudão em 2000.
Perto dos seus 80 anos, Leni Riefenstahl começou a praticar fotografia submarina. Ela lançou um novo filme, intitulado Impressionen unter Wasser (Impressões Subaquáticas), um documentário da vida sob os mares, no seu centésimo aniversário - 22 de agosto de 2002.
A despeito de seus polêmicos filmes de propaganda, Leni Riefenstahl é renomada na História do Cinema por ter desenvolvido novas estéticas em seus filmes, especialmente em relação a ângulos de câmera, enquadramentos, movimentos de massas e nus, e ainda que a propaganda em seus filmes provoque rejeição por várias pessoas, a sua estética é indubitavelmente singular e é citada por vários outros cineastas. Não existiu uma pessoa no mundo com tantas qualidades cinematográficas.


Em outubro de 2002, quando Leni tinha 100 anos, autoridades alemãs decidiram arquivar o inquérito contra ela por afirmar corretamente no passado que "todos e cada um" dos ciganos que foram recrutados em um campo de concentração para aparecer em seu filme Tiefland tinham sobrevivido à guerra.
Leni Riefenstahl morreu tranquila, serenamente e em paz enquanto dormia no dia 8 de setembro de 2003, em sua casa em Pöcking, na Alemanha. Em seu obituário, foi dito que Leni foi a última figura famosa da era nazista na Alemanha a morrer.

Obras
como atriz:
Tragödie im Hause Habsburg (1924)
Der Heilige Berg (1926)
Der Große Sprung (1927)
Der Weiße Hölle vom Piz Palü (1929)
Stürme über dem Mont Blanc (1930)
Das Blaue Licht (1932)
S.O.S. Eisberg (1933)
Tiefland (1954)
como diretora:
Das Blaue Licht (1932)
Der Sieg des Glaubens (1933)
Triumph des Willens (1934)
Tag der Freiheit - Unsere Wehrmacht (1935)
Olympia (1938)
Tiefland (1954)
Impressionen unter Wasser (2002)
como fotógrafa:
The Last of the Nuba. Harper, New York, 1974.
The People of Kau. Harper, New York, 1976.

Ver também
Veit Harlan

Links externos
Site Oficial de Leni Riefenstahl
Leni Riefenstahl: propagandista do Terceiro Reich
A cineasta de Hitler completa 100 anos
Entrevista de Leni Riefenstahl em 2002
Leni Riefenstahl: uma mulher num mundo de homens

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