quarta-feira, 7 de março de 2007

Maria Amália Vaz de Carvalho







Maria Amália Vaz de Carvalho (1847-1921) nasceu e faleceu em Lisboa. Casada com o poeta Gonçalves Crespo, a sua resid~encia tornou-se no primeiro salão literário de Lisboa, tendo-o frequentado Camilo, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Guerra Junqueiro e muitos outros. Além de poetisa consagrada pelos intelectuais da época, escreveu crónicas jornalistas em vários jornais, entre eles o Diário Popular, assinando-as com o pseudónimo Valentina de Sucena. Dedicou-se a questões como a educação e o papel da mulher na sociedade da época. Foi a primeira mulher a ingressar na Academia de Ciências de Lisboa. Obras poéticas: Uma Primavera de Mulher (1867, poema em quatro cantos), Vozes do Ermo (1876). Ficção: Arabesco, Cartas a uma Noiva (1911), Crónicas de Valentina, Contos para os Nossos Filhos. Crítica e história: Vida do Duque de Palmela D. Pedro de Sousa e Holstein (1898-1903), A Arte de Viver em Sociedade (1895), Serões no Campo, Figuras de Hoje e de Ontem (1902), Cérebros e Corações (1903), Ao Correr do Tempo (1906), Impressões da História (1909), etc.


A REABILITAÇÃO DO AMOR
À indiferença oponhamos o amor, à dúvida oponhamos a fé.
O céu tem ainda o azul radiante dos dias da mocidade; a natureza é ainda a bela insensível, que assiste radiosa e iluminada às nossas lágrimas eternas, que o vento enxuga num momento!
Contemplemos de mais alto a evolução dos ideais e a transformação das coisas.
Se na terra somos efémeros de uma hora, nunca se quebra a cadeia que se vai forjando, dos ideais belos que concebemos ao passar.
Soframos, tal é o nosso destino e quase o nosso dever, mas amemos, que é o meio de tornarmos fecunda para os outros a dor que acima de nós mesmo nos levanta, a dor que é inspiração de todo o bom, de todo o belo, que em nós há.
O pessimismo leva à abdicação da vontade, à própria negação do sofrimento, pela completa insensibilidade a que aspira, e que de vez em quando já começa a atingir.
Não vale a pena! Eis a divisa da nossa desolada geração!
Pois é necessário que, em contradição e em protesto a este lema egoístico, se levante das nossas entranhas de mães, dos nossos corações de mulheres, um grito de amor intenso, um grito de amor fecundante e poderoso.

Porque um dos defeitos da nossa quadra é este: depois de termos da do ao amor um lugar enorme, predominante, decisivo e tirânico, tendemos a cercear-lhe todos os direitos, a destruir-lhe todas as influências boas.
O nosso século, que por meio de radiante romantismo fez do amor o Deus pagão que foi na Renascença, hoje, pela escola científica do temperamento e do meio, vai fazer do amor um poder inconsciente, que, segundo as circunstâncias em que é chamado a actuar, é um órgão de reprodução animal, ou um elemento de corrupção dissolvente.
Reabilitemos o amor.
Façamos dele alguma coisa de mais ou de menos do que o estão fazendo os mestres da literatura contemporânea, fotógrafos, neste ponto, dos costumes decadentes da época.
Ele não é a suprema e última embriaguez embrutecedora em que a humanidade tende a adormecer, como essa literatura de sensualismo agonizante, parece querer demonstrar-nos; pelo contrário, ele, é a fonte da eterna juventude em que, os velhos, da velhice precoce deste século, da velhice que se traduz pelo excesso do pensamento e da sensação, podem ainda retemperar as forças exaustas; é dele que podem ainda partir as grandes iniciativas transformadoras, as poderosas e viris energias, os sonhos iluminados da virtude e do bem.
in Cartas a Luísa






Filha de José Vaz de Carvalho e de Maria Cristina de Almeida e Albuquerque, foi casada com António Cândido Gonçalves Crespo, também poeta, e a primeira mulher a entrar para a Academia das Ciências de Lisboa.
Escreveu em várias publicações portuguesas (Diário Popular, Repórter, Artes e Letras) e brasileiras (Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro), com o pseudónimo de Maria de Sucena. A obra de Maria Amália Vaz de Carvalho, tem um carácter de versatilidade pois, para além de obras poéticas, também escreveu contos, ensaios, biografias e crítica literária. Das suas obras, salienta-se Contos para os nossos filhos, uma compilação de contos infantis, publicada em 1886, escrita em parceria com o seu marido, e que foram aprovados pelo Conselho Superior de Instrucção Pública para utilização nas escolas primárias.
A sua residência foi o primeiro salão literário de Lisboa, por onde passaram grandes nomes da literatura, e da cultura, portuguesa, como Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão ou Guerra Junqueiro.
Em 1993, o município de Loures criou o "Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho".





Com mordacidade e inteligência, Maria Amália Vaz de Carvalho usava a palavra para produzir uma corrosiva crónica da era em que viveu. Além de poetisa consagrada pelos intelectuais da época, escreveu crónicas jornalistas em vários jornais, como o "Diário Popular". Assinava sob o pseudónimo de Valentina de Sucena. Dedicou-se a questões como a educação e o papel da mulher na sociedade da época, que defendia dever ser dedicada à casa, ao marido e aos filhos, tendo para isso escrito "A Arte de Viver em Sociedade". Foi a primeira mulher a ingressar na Academia das Ciências de Lisboa. Casada com o poeta Gonçalves Crespo, a sua casa tornou-se no primeiro salão literário de Lisboa. Foi frequentado por Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Guerra Junqueiro e muitos outros.












Biografias
Vida do Duque de Palmela D.Pedro de Sousa e Holstein, 1898-1903

ContosContos para os nossos filhos, 1886
Contos e Fantasias, 1880

Crítica Literária
Alguns Homens do Meu Tempo, 1889
Pelo Mundo Fora, 1889
A Arte de Viver na Sociedade, 1897
Em Portugal e no Estrangeiro, 1899
Figuras de Hoje e de Ontem, 1902
Cérebros e Corações, 1903
Ao Correr do Tempo, 1906
Impressões da História, 1911
Coisas do Século XVIII em Portugal, Coisas de Agora, 1913

Ensaios
Serões no Campo, 1877

PoesiasUma Primavera de Mulher, 1867
Vozes no Ermo, 1867
















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